ROGÉRIO CHRISTIANO BUYS
Foto do acervo do CPP
Rogério Christiano Buys
ROGÉRIO CHRISTIANO BUYS
(Texto de Márcia Alves Tassinari – AGOSTO DE 2002)
Mais do que um prazer é uma honra apresentar meu amigo, sócio, mestre e grande psicólogo Rogério. Seu jeito “caladão”, sério em um primeiro momento, transforma-se em sensibilidade acurada, ternura e receptividade incondicional, sempre disponível e interessado em ouvir o que o outro tem a dizer. Nossa convivência por quase trinta anos, como aluna, estagiária, cliente e, desde 1975 como sócia e amiga, tem me tornado mais humana. Foi ele quem me alfabetizou (e tem me reciclado) na Abordagem Centrada na Pessoa. Por último, mas não menos importante, Rogério é um excelente cozinheiro.
Rogério, nascido no Rio de Janeiro, no dia 12 de março de 1936, escolheu a profissão de psicólogo após ter que batalhar para ganhar a vida, pois não pôde contar com o apoio de seus pais, falecidos no meio de sua adolescência. Kátia, Bruno e Pedro, seus filhos e Magale, sua companheira por mais de trinta anos, completam sua família.
Graduou-se na primeira turma de Psicologia da UFRJ (em 1968), iniciando em seguida suas duas carreiras: de professor e de psicoterapeuta. Ainda na década de 70, completa a especialização em Psicossociologia, já então influenciado pelo psicólogo francês Max Pagès, com quem aprendeu teórica e vivencialmente muito da ACP. Foi uma experiência marcante em sua vida.
Na década de 80 termina seu mestrado em Psicologia (na UFRJ), apresentando a dissertação: “Uma Teoria e um Método para o Estudo da Afetividade”,e em 1995, como conclusão de seu doutorado, também em Psicologia, na UFRJ, defende a tese: “O Modelo de Relacionamento Interpessoal nas Psicoterapias Humanistas” .
Reuniu suas reflexões e prática como supervisor, publicando em 1987 o primeiro livro sobre o assunto (Supervisão de Psicoterapia na Abordagem Humanista Centrada na Pessoa, S.P.: Summus.). Possui uma coletânea de artigos (não publicados), sempre atento a apresentar fundamentações mais consistentes para ACP, temendo que ela se dilua, pois alguns praticantes confundem humanismo com humanitário. Considera que a ACP tem uma potencialidade e profundidade ainda não exploradas, na medida em que ela própria já é um questionamento das relações interpessoais.
Lecionou na PUC, na década de 70, substituindo o padre Benko e assumindo a disciplina de TEAP e Dinâmica de Grupo, quando estava aprofundando seus estudos teóricos no Humanismo. Ingressou também no Serviço de Psicologia Aplicada, coordenando a primeira equipe de estágio clínico em psicoterapia centrada na pessoa.
Pode-se dizer que Rogério foi autodidata, interessando-se por Rogers, a partir de uma informação do Professor Viana Crespo Ataliba e comentários de Maria Helena Novaes. Leu todos os livros disponíveis na década de 60 (em francês e inglês), quando ainda nem havia textos de Rogers em português.
Na UFRJ dedicou-se à Psicologia Humanista, estando inserido no Departamento de Psicologia da Personalidade desde 1969 e até hoje, mesmo já tendo tempo para se aposentar, continua dando aulas no Instituto de Psicologia.
Pertenceu à primeira plenária do CRP-05, (1977 a 1980 ) sendo conselheiro efetivo, responsável pela tesouraria.
Seu sonho de criar um instituto voltado para a divulgação, o estudo, a pesquisa e a prática da Abordagem Centrada na Pessoa, foi amadurecendo desde 1973, quando convidou seus alunos do curso de formação para formar uma equipe e, em janeiro de 1975, funda com outros colegas, o Centro de Psicologia da Pessoa (CPP), instituição de referência nacional, atuante e principal centro formador de psicoterapeutas centrados na pessoa. É no CPP que Rogério atende seus clientes, tanto individualmente como em grupo, além de participar da equipe de formação do CPP, através de aulas, supervisão e palestras.
Participou, a convite de Eduardo Bandeira, da equipe de facilitadores do Primeiro Workshop de grande grupo realizado no Brasil, em 1977, em Arcozelo/RJ, juntamente com Carl Rogers, John Keith Wood, Maria Bowen, Maureen Miller e Jack Bowen e brasileiros de renome na ACP. Aprendeu muito com o treinamento e com a experiência do grupão, tendo ficado muito impressionado com a pessoa de Rogers pela sua inteireza.
Tem participado de alguns eventos da ACP, sempre levando suas reflexões para debater com os colegas.
Marcia Alves Tassinari
Em 09 de julho de 2002.