OSWALDO DE BARROS SANTOS
Foto do acervo do SAP-Instituto de Psicologia da USP
Oswaldo de Barros Santos, homenageado em comemoração dos 25 anos
do Serviço de Aconselhamento de Psicologia da USP em 1995.
OSWALDO DE BARROS SANTOS (1918/1998)
(Texto de Marcos Alberto da Silva Pinto – MARÇO DE 2003)
Nascido em São Paulo em 1918, Oswaldo de Barros Santos foi aluno da Escola Estadual Caetano de Campos, tradicional escola paulistana, ainda quando esta era situada na Praça da República, no centro da cidade.
Apesar de ter perdido os pais muito cedo (mãe aos 7 e pai aos 14 anos), recebeu e manteve valiosos princípios que nortearam sua vida. A partir da perda do pai, um casal de tios assumiu a responsabilidade por sua educação e criação.
Formou-se em 1936, no Instituto de Educação da Universidade de São Paulo. Graduou-se também na USP na Escola Superior de Educação Física (1939) e em Pedagogia (1950).
Em 1956, viajou a Paris onde conheceu e fez curso de aperfeiçoamento com Henri Piéron no Institut d’Études du Travail et d’Orientation Professionnelle. Pós graduou-se em Psicologia Clínica na Flórida State University (1956) e na Columbia University (1957). Realizou vários estágios e cursos entre 1950 e 1970 na Suiça, Bélgica, Japão, Inglaterra, Portugal, França e Itália.
Iniciou sua vida profissional como professor primário. Logo depois interessou-se pela Psicotécnica e pela Orientação Profissional, ingressando em 1937 no Gabinete Psicotécnico da Escola Técnica Getúlio Vargas, tornando-se diretor desta instituição de 1938 a 1942. Trabalhou em diversas empresas com pesquisas de teste de inteligência e aptidões, sendo criador do AG-3 (teste de inteligência) , muito utilizado principalmente no SENAC. Foi professor em diversas universidades do estado de São Paulo. Colaborou com a organização da Clínica Psicológica da PUC de Campinas.
Em 1959, interessou-se pelo trabalho de Carl Rogers, passando a estudar a Abordagem Centrada na Pessoa tornando-se um de seus pioneiros no Brasil, entrando, a partir daí, em um novo período de vida. Em 1964 publicou um artigo de técnicas de aconselhamento psicológico e em 1968 um artigo de teorias e técnicas de Carl Rogers. Em 1970 defendeu tese de doutoramento no Instituto de Psicologia da USP intitulada “Contribuição dos Métodos de Aconselhamento Psicológico em Psicoterapia”.
Iniciou em 1972 o serviço de Aconselhamento Psicológico da USP tendo como principal colaboradora a sua ex-aluna Rachel Rosenberg, sendo este, o primeiro serviço de Aconselhamento em uma universidade brasileira.
Organizou o primeiro Curso da Abordagem Centrada na Pessoa oferecido pelo Instituto Sedes Sapientiae. Neste mesmo período, começou a se interessar pelo estudo de superdotação, desenvolvendo diversos trabalhos a este respeito.
Escreveu dois livros: “Psicologia Aplicada à Seleção e Orientação Profissional” Ed. Pioneira (1973) e “Aconselhamento Psicológico e Psicoterapia” Ed. Pioneira (1982). Foi o organizador do livro “Superdotados: Quem São, Onde Estão?” Ed. Pioneira (1988). Escreveu ainda algumas dezenas de artigos especialmente nos campos da psicologia organizacional e do trabalho, da psicoterapia, do aconselhamento psicológico e da metodologia de pesquisa..
Participou da criação da Associação Brasileira de Superdotados, do Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo, da Sociedade de Psicologia de São Paulo, da Associação Brasileira de Psicólogos e da Academia Paulista de Psicologia, ocupando a cadeira de número 15. Foi membro do Conselho Federal de Psicologia de 1974 a 1976 e da Comissão de Normas e Procedimentos de Avaliação Psicológica do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo de 1994 a 1996.
A partir de 1975, iniciou em seu consultório particular atividade de Aconselhamento Psicológico numa perspectiva Centrada na Pessoa, trabalho desenvolvido até o final de sua vida.
Oswaldo de Barros faleceu em 19 de junho de 1998 em Rio Claro/SP. deixando mulher, filhos, netos, bisnetos e muitas saudades em todos aqueles que tiveram o privilégio de fazer parte de sua vida. Deixou também o seu legado, através de suas obras, beneficiando todos aqueles que fazem parte da psicologia brasileira e principalmente da Abordagem Centrada na Pessoa.
Referências:
ABREU E SILVA, N.N. (2002). O Movimento Fenomenológico Existencial: Um Roteiro para a Construção de Sua História na Psicologia Brasileira. Brasília: GT de História de Psicologia da ANPEPP (no prelo) pp.58,61.
BOLETIM DA ACADEMIA PAULISTA DE PSICOLOGIA (1998). Obituário de Oswaldo de Barros Santos. No.3/98 Ano XVIII pp.18,19.
CAMPOS, R.H.F. (2001) (Org.). Dicionário Biográfico da Psicologia no Brasil. Rio de Janeiro: Imago/Brasília: Conselho Federal de Psicologia.
ROSENBERG, R.L. (1976). Memorial ao Concurso de Provimento de Cargos Iniciais de Professor Assistente Apresentado ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. São Paulo: USP.
TASSINARI, M.A. (1994). A História da Abordagem Centrada na Pessoa no Brasil:Primeira Versão. VII Encontro Latino-Americano da Abordagem Centrada na Pessoa, Maragogi, Alagoas.