Conheça a ACP

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“Se eu deixar de interferir nas pessoas,
elas se encarregam de si mesmas.
Se eu deixar de comandar as pessoas,
elas se comportam por si mesmas.
Se eu deixar de pregar as pessoas,
elas se aperfeiçoam por si mesmas.
Se eu deixar de me impor as pessoas,
elas se tornam elas mesmas”

LAO-TSÉ

(Citação de Carl Rogers resumindo o princípio da Abordagem Centrada na Pessoa)

Foto extraída do site nrogers.com

ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA
(Texto de Marcos Alberto da Silva Pinto )

A Abordagem Centrada na Pessoa é uma abordagem psicológica criada pelo psicólogo norte-americano Carl Rogers a partir de suas próprias experiências pessoais e profissionais indo além da psicoterapia, podendo ser utilizada em várias outras áreas de ajuda.

É uma abordagem que se diferencia das outras sobretudo por não haver técnica. Para a abordagem a melhor maneira de se ajudar alguém é acreditar na pessoa e em sua possibilidade de pensar, sentir, buscar e direcionar sua própria necessidade de mudança. É a partir daí, dessa crença na pessoa, da sua capacidade em se auto dirigir, que a A.C.P. busca tentar facilitar à pessoa condições ideais, para que esta tenha maior oportunidade de entrar em contato consigo mesma.

Para isso o papel do psicoterapeuta (educador, etc…) é o de facilitar através de alguns pressupostos básicos no intuito de colaborar para que a pessoa possa buscar em si própria a sua direção.

Ser aquilo que se é, é o que a Abordagem Centrada na Pessoa procura ajudar o outro a ser, pois aceitando-se a pessoa cria em si condições para repensar e caminhar em direção ao seu crescimento.

Segundo a Abordagem Centrada na Pessoa, não basta o facilitador assumir determinadas posturas e aplicá-la como técnica, um facilitador centrado na pessoa deve acima de tudo crer em seus pressupostos, e ter um jeito de ser que combine com ele, caso contrário, aplicando o princípio centrado na pessoa como técnica estará apenas sendo um técnico e ferindo o que a Abordagem Centrada na Pessoa julga imprescindível em uma relação de ajuda.

Para que esta ajuda seja possível, existe uma crença em alguns pressupostos básicos para facilitar a relação. São eles:

Tendência de atualização

A Abordagem Centrada na Pessoa crê, que o ser humano possui uma capacidade inata que lhe impulsiona para a freqüente tentativa de progredir, ou seja, que dentro de si, a pessoa possui os mecanismos necessários para lidar consigo e com o outro.

Apesar das diferenças, de cada pessoa ser única, todos no seu íntimo possuem necessidades semelhantes, que em função de aspectos sociais e aprendidos, como maneira de se proteger ou ser aceito, a pessoa sem perceber vai ao longo do tempo abrindo mão dos seus valores, maneira de ser e sentimentos naturais passando a viver em função de um padrão pré estabelecido. A partir daí tende a achar que aquilo que vem de fora é verdade e que o que sente quando diferente do pré estabelecido é ruim, é feio e que portanto deve ser eliminado ou camuflado dentro de si.

Nesse sentido a pessoa perde o seu “eu” como referencia distanciando-se de si, muitas vezes fazendo coisas socialmente aceitas mas no fundo ruins para si, ou coisas socialmente ruins, que terminam sendo ruins também para si, mas que fazem parte de sua fachada.

A tendência atualizante nada mais é do que a crença de que se o outro tiver condições favoráveis, ele se direcionará de modo a suprir as suas necessidades e terá seus sentimentos muito mais claros em si. A partir daí, poderá aceitar e respeitá-los como legítimos e em conseqüência respeitar também o outro em sua individualidade.

Crendo na tendência atualizante, que mesmo tornando-se diferente, o outro tem o direito de ser o que é, a Abordagem Centrada na Pessoa entende que a melhor maneira de ajudá-lo é proporcionar condições ideais para essa transformação.

Essas condições são:

1 – Empatia

Em primeiro lugar é imprescindível que tanto o facilitador quanto o cliente sintam-se bem e verdadeiramente disponíveis nessa relação.

Depois, o facilitador deverá ser capaz de se colocar no lugar do outro sempre, tendo desta forma, provavelmente maior disponibilidade interna em entender o outro, seus motivos, seus medos e sentimentos e conseqüentemente mais condições de não julgar ou direcionar a relação de ajuda.

2 – Congruência

Congruência significa autenticidade por parte do facilitador quanto aos seus sentimentos em relação a pessoa que está sendo ajudada.

Tudo que o facilitador sente em relação a pessoa deve ser dito, com cuidado, carinho, respeito, mais principalmente com autenticidade.

É direito da pessoa ajudada saber o que o facilitador sente a respeito do que ela está dizendo.

Para a Abordagem Centrada na Pessoa, é importante que o facilitador diga o que sente, mais é claro que dizer como sua verdade, e não como verdade absoluta ou uma verdade inconsciente do outro.

Numa relação de ajuda onde o facilitador assume os seus sentimentos como seus, além de dar ao outro o direito de pensar a respeito, a tendência é que o outro assuma os seus sentimentos também, livre de ameaças, apoiado na aceitação, na autenticidade e no acolhimento.

3 – Aceitação Incondicional Positiva

É a capacidade do facilitador em aceitar o outro sempre de maneira positiva, sempre entendendo que o outro a sua maneira está no fundo procurando se sentir bem e se encontrar.

Se o facilitador acredita e tem claro dentro de si a tendência atualizante, fica mais fácil aceitar o outro, mesmo que não entendendo ou não concordando. Aceitar não significa concordar.

O facilitador pode aceitar em si seus sentimentos, seus limites e abrir mão de ajudar determinada pessoa, assumindo para o outro a própria limitação, falando e ouvindo, caso não consiga de fato aceitar o outro.

Em um ambiente onde a pessoa sinta-se verdadeiramente aceita e acolhida, livre de ameaças, ela tende a ser ela mesma e a entrar em contato consigo própria para buscar aquilo que julga importante para o seu crescimento pessoal.

Psicoterapeuta centrado na pessoa

Assim como tudo na Abordagem Centrada na Pessoa, é valorizada além da aceitação e do acolhimento a autenticidade, ou seja, ou o psicoterapeuta dentro da sua autenticidade partilha dos princípios centrados na pessoa, ou não.

Não existe meio termo.

Isso não significa que um psicoterapeuta centrado na pessoa deverá proceder como Rogers procedia, a Abordagem Centrada na Pessoa tem uma proposta de ajuda onde, desde que em sua maneira de ser o psicoterapeuta preserve a empatia, a congruência, a aceitação incondicional, creia na tendência atualizante, rejeite a diretividade, a interpretação, o condicionamento, ele estará exercendo ajuda ao cliente de maneira centrada na pessoa, é claro que um psicoterapeuta deve sobretudo estudar, conhecer e se aprofundar dentro da abordagem escolhida.

Para a Abordagem Centrada na Pessoa, o conhecimento do psicoterapeuta tem importância, mas a sabedoria tem um peso especial na relação de ajuda. Isso significa que, muitas vezes o psicoterapeuta através de seu conhecimento cria uma barreira entre si e o cliente, perde a disponibilidade verdadeira em ouvir o outro desprovido de técnica, abrindo mão de sua intuição, percepção, do não julgamento, do acolhimento, preceitos imprescindíveis para a A.C.P.

Ou seja, para a Abordagem Centrada na Pessoa ou o psicoterapeuta acredita nos pressupostos, e é centrado na pessoa, ou não, não dá para representar ou ocupar os conceitos como técnica. Em sendo, respeitando o princípio da Abordagem Centrada na Pessoa o psicoterapeuta, acolhendo seu jeito de ser, irá atender não como Rogers, mas sim a sua própria maneira, a partir das propostas de Rogers.

Áreas de Atuação da Abordagem Centrada na Pessoa

A partir dos princípios da Abordagem Centrada na Pessoa, existem diversos campos de atuação para o profissional que possui esta abordagem como referência.

Em psicoterapia:

  • individual
  • grupo (incluindo grupos de encontro)
  • casal
  • familiar
  • ludoterapia
  • breve
  • plantão psicológico
  • aconselhamento psicológico

No hospital, na educação e na empresa

A Abordagem Centrada na Pessoa é ainda utilizada em diversas áreas de relacionamento interpessoal de maneira formal ou informal nos mais variados grupos sociais, buscando colaborar para o crescimento pessoal e nas relações humanas, sempre através da aceitação, acolhimento, não direcionamento e ética (entendendo esta como algo muito além das normas pré estabelecidas, mas sim como um respeito profundo de todos os direitos da pessoa).

Nota do autor

É importante ressaltar que este texto tem como objetivo introduzir ao leitor de maneira resumida e prática uma visão a respeito da Abordagem Centrada na Pessoa As formulações aqui apresentadas foram feitas através de textos da A.C.P. mas sobretudo a partir da minha visão pessoal, obtida através da minha própria experimentação e da vivência dentro desta abordagem, podendo assim servir a você como uma referência, lembrando que a A.C.P. é uma abordagem psicológica muito ampla e é imprescindível que a pessoa que deseje atender a partir desta abordagem busque um aprofundamento maior através de material literário (consulte os LINKS: “Livros”, “Teses”, “Cursos”, “Eventos” e “Artigos”), cursos (consulte os LINKS: “Centro de Estudos”, “Cursos”, “Eventos” e “Artigos”) e vivências práticas (consulte os LINKS: “Grupos de Encontro”, “Cursos”, “Eventos”, “Artigos” e “Profissionais da ACP”).

Texto de: Marcos Alberto da Silva Pinto-CRP 06/33896-4

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Fadiman, James & Frager, Robert (1986). Teorias da Personalidade. São Paulo: Harbra.

Rosenberg, Rachel L. (1988). Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa. São Paulo: E.P.U.

Rogers, Carl R. (1997). Psicoterapia e Consulta Psicológica. São Paulo: Martins Fontes.

Rogers, Carl R. (1992). Terapia Centrada no Cliente. São Paulo: Martins Fontes.

Rogers, Carl R. & Wood, John K. (1978). Teoria Centrada no Cliente: Carl Rogers. Em A. Burton (Org.), Teorias Operacionais da Personalidade. Rio de Janeiro: Imago.

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